O Reinado de Jesus

Por Seminarista Geovane Lucas

"Este é o Rei dos Judeus" (Lc 23,38)

Essas palavras descritas no letreiro que foi colocado na cruz de Jesus, nos ajudam a meditar a solenidade de Cristo Rei do Universo, que marca o fim de um ano litúrgico e o início do tempo do Advento. O evangelista Lucas, descrevendo a cena da Paixão, mostra um Cristo silencioso em meio aqueles que zombavam dele dizendo: “Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo”. Perante essa afirmação, o que podemos refletir sobre o reinado de Jesus?

Ao olharmos fotografias históricas de grandes reis do período monárquico, vemos coroas esplendorosas sobre a cabeça, mantos ornados de ouro e um cetro que representa o poder soberano do rei sobre o povo, mas se olharmos para aquele que acima de sua cabeça estava descrito “Este é o Rei dos Judeus”, veremos uma coroa de espinhos, uma veste que cobria apenas suas partes íntimas e em suas mãos pregos que as transpassavam segurando-o em um madeiro que poderíamos denominar como trono. Essa condição da qual Jesus se encontrava, diminuiria sua imagem de Rei? Este era o rei que os Judeus esperavam?

De fato, Jesus pregado na cruz não demonstrava as honras que se espera de um rei, não se apresentava ali um banquete com as mais finas iguarias do qual um rei pudesse se deleitar. Pelo contrário, estava à frente de Jesus, mais propriamente, aos seus pés, sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria de Cleófas, Maria Madalena[1], o discípulo João e uma multidão de pessoas que poucas horas antes haviam gritado crucifica-o. Essa imagem de Jesus na cruz mostra que de fato Ele era Rei, mas não um rei como os outros, um rei cujo berço de nascença era uma manjedoura, seu exército era aqueles que escutavam seus ensinamentos e o seu poder era de perdoar e curar as feridas. Jesus mostrou que seu maior reinado se estendia através da sua misericórdia, assim como fez com aquele ladrão que estava crucificado ao seu lado e com um ato de amor disse: “Hoje estarás comigo no paraíso”[2].

Ao contemplamos o reinado de Jesus nesta grande solenidade, não podemos nos esquecer que só concretizaremos o seu Reino na terra quando o nosso perdão for maior que nossos julgamentos, a nossa empatia for maior que nossa prepotência, a nossa humildade for maior que nosso orgulho e a nossa opção por aqueles que são excluídos pela sociedade for maior do que pelo nosso grupo seleto de amigos.

Jesus veio como um rei de amor, justiça e paz e todos banhados pelas águas do batismo somos incorporados a esse Reino. Por isso, cabe a nós como cristãos fazer esse reino acontecer já aqui na terra, sendo capazes de acompanhar os mesmos gestos de Jesus que curou os enfermos, perdoou aqueles que o ofenderam, teve misericórdia para com aqueles que não souberam agir com misericórdia, mas principalmente, soube amar a todos a ponto de do alto de seu trono, o madeiro da Cruz, garantir a toda a humanidade a salvação e que um dia retornará triunfante para que assim possamos habitar com ele no Reino eterno.

[1] Jo 19,25

[2] Lc 23,43

Por Seminarista Geovane Lucas