Tempo Litúrgico do Natal
Gravação por Alan Rossin
Por Diácono Maurício de Aquino
“Nasceu-vos hoje um Salvador, que é o Cristo Senhor...” (Lc 2,11)
O Ano Litúrgico é tempo sagrado durante o qual se atualiza e experimenta a ação salvífica (salvadora, redentora) de Jesus Cristo na história e no hoje de cada pessoa e de todo o povo. São Lucas, que é considerado o evangelista do Ano Litúrgico, descreve o nascimento de Jesus como ano de salvação, o ano em que, por meio de Jesus, Deus tornou a Salvação ativamente acessível à humanidade. Esse ano da Salvação passou a ser celebrado de ano em ano, para que suas bases se enraizassem cada vez mais em nosso mundo, e assim mudassem e redimissem o curso da história. Ao celebrarmos o Ano Litúrgico entramos em um tempo substancialmente diferente do tempo civil, cronológico, somos introduzidos num tempo qualitativo, tempo sagrado, tempo da Salvação, tempo da Graça (kairòs) e então, nossa vida entra em um novo ritmo, assume um novo movimento temporal propício para uma vida plena de sentido a partir de cada celebração litúrgica.
Vivenciando os tempos do Advento, do Natal, o primeiro ciclo do Tempo Comum, a Quaresma, a Páscoa, o segundo ciclo do Tempo Comum e as diferentes Solenidades, Festas e Memórias associadas à vida de Nosso Senhor, de Nossa Senhora e dos Santos e Santas, vamos fazendo experiência pessoal e atual da história da Salvação e da Igreja.
No tempo do Natal celebramos o nascimento e a manifestação de Jesus Cristo, luz nas trevas do mundo. Na solenidade do Natal celebramos o nascimento de Jesus Cristo, o “Emanuel”, “Deus conosco”. Deus no meio de nós. Jesus assume a condição humana, exceto no pecado, para redimi-la, salvá-la. Aí se encontra um ponto importante a se meditar: Cristo não vem para reprimir ou destruir a humanidade, mas vem para redimi-la, restaurá-la. E faz isso tornando-se próximo de nós, encarnando-se nas realidades humanas. Ao assumir nossa humanidade, Jesus nos revela e ensina como podemos viver e ser profundamente humanos, ordenando e canalizando nossas energias, desejos e capacidades para a Bondade, a Beleza e a Verdade, quer dizer, para Deus!
A liturgia desse tempo nos coloca nesse horizonte a cada celebração. Na Oitava do Natal celebramos Santo Estevão, diácono e mártir, o primeiro daqueles mártires que doaram-se totalmente por amor a Jesus; também celebramos o amor de Deus pela humanidade que se reflete no amor familiar (Sagrada Família) e a Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus. Em seguida, celebramos o Santíssimo Nome de Jesus; a Epifania (manifestação) do Senhor como luz para todos os povos e o seu Batismo no qual se manifestam a voz do Pai e a força do Espírito Santo que investem Jesus de sua missão de Salvador.
Contemplando o presépio, esse admirável sinal desse tempo, talvez seja espiritualmente proveitoso como que fazer de nosso coração uma manjedoura, que apesar de indigna, está disponível para acolher o Menino Jesus que quer nascer em nós, que quer nos iluminar a partir de dentro desfazendo as trevas que nos habitam de modo que a partir da luz que é Cristo, possamos também ajudar a iluminar as diversas realidades de trevas no mundo.
Ao encerrar, pedimos ao Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora e de São José, a graça divina de percebermos a presença encarnada de Deus, de reconhecermos a sacralidade presente em toda vida humana e de sermos renovados em nossa condição de filhas e filhos de Deus no Seu Filho Jesus Cristo, que nasceu para nos Salvar! Que todas as nossas famílias tenham um Feliz e Santo Natal! Amém!
Diácono Maurício de Aquino